Conta Comigo!

Mais uma que é da minha infância.

 A nossa história começa em uma casa com um jardim cheio de flores e abelhas a voar, caracóis a passear e formigas a carregar folhas.

    Havia também Dona que, de tanto trabalhar precisou de óculos para melhor enxergar. E, pendurada em sua teia, avistou a lagarta chamada Vi a escrever.

Do outro lado da rua tem uma pequena for.

Que de tão sozinha está perdendo até a cor.

Meus versos com certeza alegrariam seu coração.

Mas do outro lado da rua ela não me ouve não.

Pois como eu sempre digo

Não há tristeza

Para quem conta com um amigo.

    A lagartinha Vi precisava fazer alguma coisa, deixou de lagartear e saiu apressada.

    Dona Aranha, curiosa com os escritos da lagarta, sussurrou para formiga, que contou pro caracol, que espalhou para as abelhas. Tal foi o burburinho que chamou a atenção de Tiaguinho, que brincava por ali.

    Ele foi verificar o que era e encontrou um caderno com o poema. A abelha comentou para ele que o caracol tinha falado, que a formiga tinha ouvido, que a Dona Aranha tinha visto a lagarta Vi escrever aqueles versos.

    Mas onde andaria Vi?

    Ela estava tentando atravessar a rua, mas um carro passou, levantando poeira. A lagarta levou um susto danado.

-Nunca vou chegar ao outro lado da rua. tenho as perninhas pequenas e sou tão distraída. É muito perigoso.

    Foi quando Tiaguinho apareceu e disse:

- Não se preocupe! Pode contar comigo que eu levarei você na palma da minha mão. Vi não pensou duas vezes antes de aceitar a proposta.

    Enquanto caminhavam, uma borboleta apareceu para acompanhá-los, batendo susas asas para mostrar que podiam atravessar com segurança.

    Quando chegaram , a lagarta Vi, olhou para florzinha Da, tomou coragem e recitou os versos que tinha escrito. A florzinha nunca havia escutado palavras tão bonitas; suas pétalas foram-se abrindo, ganhando cor e perfume.

    Assim nasceu a amizade da lagarta e da florzinha, graças a Tiaguinho. Ele vinha todos os dias visitá-las. Vi recitava versos e Da alegrava o jardim.

    A primavera logo acabou, veio o verão e , depois dele, o outono, preparando outra primavera. Quando Tiaguinho apareceu, não encontrou a lagarta.

    Ele ficou preocupando e voltou no próximo dia. Ao entrar no jardim, uma borboleta começou a voar junto dele.

    De suas asas um papelzinho caiu e nele havia um poema Tiaguinho teve certeza. A lagarta em borboleta tinha-se transformado.

    Ele decidiu chamar a borboleta de Vida, em homenagem a lagarta Vi e a florzinha Da. E, agora, a borboleta voa em círculos junto dele para lembrar que a vida é a coisa mais preciosa que temos, como dizem os versos do poeminha:

 Quem tem alguém no coração

Deve sempre ter precaução

Como é bom contar com alguém

Pra nos levar pela mão.

    Tiaguinho disso bem sabia, a lagartinha Vi, ele ajudou na travessia.

    E, assim, deixou a florzinha Da cheinha de alegria.

    Agora a borboleta Vida dá o seu recado:

 Na rua e no trânsito, tenha sempre muito cuidado.

(Autor Fundação Thiago de Moraes Gonzaga)