sábado, 28 de abril de 2012

Não sou sereia


Crônicas sem final
- Vamos gurias, a água nos espera.- Dalila caminhando em direção do açude que tinha na fazenda que tinham ido acampar.
- Te acalme Dalila, os guris ainda estão trocando a roupa.- Giovana
- Melhor ainda Gi, assim não vão ver nós de biquíni entrando na água.- Dalila aumentando o passo para a água.
- Sabe que isso não tinha passado pela minha cabeça.
- Dalila você as vezes tem umas idéias muito convenientes a nós.- Amanda
- De nada
As garotas caminharam até o açude e tiraram a roupa que estava por cima dos biquínis e começaram a entrar na água, alguns minutos depois veio os garotos correndo para dentro d’agua, foram atirando as camisetas pelo caminho e os chinelos pelo meio do caminho e entraram antes que as garotas.
- Hei Gustavo! Qual é a de vocês?- Tânia gritando enquanto entrava de vagar na água porque estava gelada.
- Ora, para apreciar a paisagem.- Gustavo mergulhando
- Gurias, parem com essa frescura e entrem logo.- Dalila entrando na água, mas sem tirar a sua camiseta, entrou na água até ela ficar na sua cintura e tirou a camiseta, a enrolou e jogou para beira.
- Não foi muito esperta de sua parte Dalila nos privar, porque terá que sair depois.- Gustavo
- Até lá eu arranjo um outro jeito não se preocupe.- Dalila mergulhando para molhar o cabelo e saiu depois.- Gurias, qual é? Ainda nessa lenga lenga, a água não esta muito gelada.- Dalila andando até onde os guris já se encontravam
- Sei, pra alguém que gosta até da temperatura da água da chuva e do mar, essa observação é suspeita.-  Roberta, entrando na água.- Mas desta vez eu aceito a sua observação a água esta boa gurias, vamos.- Roberta correndo pra dentro d’agua.
- Eu falei.
As outras garotas seguiram Roberta, mas de longe e chegaram perto onde estavam os guris e Dalila.
- Ei vamos apostar uma corrida?-Gustavo
- Até aonde?- Juliano
- Até o outro lado do açude.
- Feito então, alguém quer ir junto?
- Eu vou, tem alguma regra em como nada?- Dalila
-Não, por que?- Juliano
- É que eu só sei nadar cachorrinho e nadando desta forma não se vai a lugar nenhum, posso ir mergulhando?
- A única regra é nadar, do jeito que for não interessa. Então vamos?- Gustavo
- Claro.
Os três se prepararam.
- É Giovana você diz já ok?- Gustavo
-Certo, preparados?...Já.
Gustavo e Juliano saíram nadando feito loucos, Dalila nadou um pouco por cima e depois mergulhou, ficou um tempo fora de vista depois apareceu na frente dos dois quase perto da borda.
-Dalila! Mas como conseguiu chegar ai tão rápido?- Juliano parando de nadar quando viu Dalila surgir na frente dos dois e gritou para ela, porque ela estava longe.
- Ora, mergulhando se vai mais rápido sabia?- Dalila gritando e sumiu de vista de novo.
- Aonde ela foi agora?- Juliano apavorado, olhando para tudo que era lado.
- Se acalme cara, vai dar pinta que você gosta dela.- Gustavo falando baixinho.
- Que de pinta, ela sumiu, ela pode ter se afogado e...
- Oi!- Dalila aparecendo na frente dos dois.
- Caramba garota que susto.- Juliano indo para trás.
- O que foi?
- Pra que aparecer deste jeito?
- Desculpa uai, então ganhei não é?
- Você voltou então podemos ultrapassa-la ainda.- Gustavo passando por Dalila nadando rápido.
- Isso ai, amarelou.- Juliano passando por ela também.
- Fala serio vocês dois. – Dalila mergulhou de novo, mas quando surgiu de novo pra fora d’água os dois já tinham saído.- Hum, então qual dos dois ganhou?- Dalila saindo de dentro d’água.
Juliano viu ela saindo e depois virou o rosto para o outro lado, pois tinha ficado vermelho.
- Caramba, de lá não aprecia que o açude era tão grande assim.- Dalila sentando do lado de Juliano e deitou na grama, pois estava cansada de tanto nadar.
- Com certeza, me diz uma coisa Dalila como conseguiu nadar por baixo se água é escura?- Gustavo
- Porque ela é escura só um metro, depois ela fica clara, é bem legal lá embaixo, querem ir ver?
- Como é?- Juliano
- Ora, é só segurar o ar e mergulhar, fazer isso não é difícil, vocês só tem que mergulhar com calma para agüentar mais lá embaixo.
- Quer ir Juliano?
- Vamos então.
Os três mergulharam, Dalila foi na frente para mostrar, quando passaram a parte escura, o açude ficou tão claro que olhando para superfície podia ver o céu. Dalila segurou a mão dos dois e os puxou para o fundo, que não estava longe, então Gustavo e Juliano fizeram gestos que precisavam subir de volta, Dalila os pegou pela mão de novo e os puxou para cima tão rápido que quando perceberam já estavam na superfície e saindo de dentro do açude.
- Agora me explique como fez aquilo?- Juliano se atirando na grama.
- Bom, que tal termos esse segredinho, é um jeito de usar o fundo do açude para sair dele.
- Mas você tirou nós dois de lá de baixo como se não pesássemos nada.- Gustavo a olhando
- Qual é? Ficaram burros por acaso? Na água todo mundo fica mais leve. Hum bom, querem saber mesmo como fiz? Vou ter que mostrar lá embaixo, estão a fim?
- Nem pensar, ainda não recuperei meu fôlego.- Gustavo deitando na grama
- E você Juliano?
- Pode ser.
- Então vamos.- Dalila entrando na água e olhando para Juliano.- Não vem?
- Vou sim, Gustavo fica de olho se acontecer algo de estranho chama ajuda viu?- Juliano entrando na água.
- Sem problemas cara.
- Falou.
- Respire fundo Juliano e fique calmo na hora de mergulhar assim vai conseguir segurar mais o ar embaixo e não se apavore por qualquer coisa que seja, se não vai faltar ar para a volta, tudo bem?
- Sim.
- Respire fundo três vezes e me siga.- Dalila mergulhando.
Juliano respirou três vezes bem fundo e mergulhou atrás de Dalila. Chegando na parte clara, viu Dalila mais no fundo e estava de pé no fundo, como se fosse normal fazer aquilo. Chegou perto dela, Dalila pegou a mão dele e saiu nadando tão rápido que quando pararam estavam mais fundo que antes, Juliano fez gestos que precisava voltar  olhou para cima e não acreditou quando viu, estavam mais fundo que antes, talvez uns cinco metros abaixo e se apavorou e saiu nadando para a superfície. Dalila segurou o pela mão e o puxou para perto de si e o beijou fazendo entrar ar nos pulmões de Juliano, o mais estranho que ele puxava ar e soltava e ela o enchia de ar novo novamente os pulmões, como se pudesse respirar em baixo d’água.
Depois o parou de beijar e o puxou para cima calmamente, o empurrou para longe e o esperou submergir e depois apareceu também.
- Caramba! Vocês ficaram malucos? Eu vi um monte de bolhas, depois não vi mais e agora vocês aparecem calmamente, achei que tivessem se afogado.- Gustavo de pé na borda do açude gritando para os dois.
- Menos Gustavo, acho que o Juliano ai soltou algumas bolhas se é que me entende? Vou indo, vou sair do açude agora.- Dalila mergulhou, depois alguns segundos apareceu mais longe, mergulhou de novo e apareceu perto de suas amigas
-Não engoli essa lorota dela.
- Nem eu.- Juliano saindo de dentro da água e sentando.- Se eu te contar o que aconteceu você vai acreditar ou v ai sair gritando que nem uma bicha?
- Bem, não sei, conta ai então.- Gustavo sentando do lado de Juliano
-Ela me beijou lá embaixo.
- Foi essa causa das bolhas então, hum ela é rapidinha hein.
-Você não entendeu, ela me beijou e encheu meus pulmões de ar, como se ela estivesse respirando embaixo d’água.
- Sei e onde esta as ventosas dela então? Tudo bem que e aquele corpo é muito bonito, mas não vi nenhumas ventosas, como um peixe, você esta delirando, só porque ela te beijou lá embaixo e tem mais fôlego que você.
- O Gustavo cala a boca. Ela pode ter ventosas atrás das orelhas que nem aquele filme antigo e não fale assim dela.
- Tá, ta o apaixonadinho não esta mais aqui quem falou. Mas posso falar uma coisa sem você me bater?
-O que?
- O beijo dela deve ser algo delirante mesmo, aproveitou e amassou lá embaixo?
- Que? Cala a boca.- Juliano empurrando Gustavo para dentro do açude.
- O que foi? Agora não posso nem comentar é?
- Não e o assunto se encerra por aqui, você não entendeu mesmo o que eu falei.

        A noite estavam todos deitados sobre uma lona no meio de um campo admirando as estrelas, Dalila estava deitada do lado de Marcelo que era um amigo seu de infância e com suas amigas em volta e Juliano estava sentado numa ponta só de olho nela e nos movimentos que Marcelo fazia para o lado dela.
- O guarda, faz o favor de se acalmar? Ele é amigo dela a muito tempo, então não tem o que se preocupar.- Gustavo sentando do lado de Juliano e falando baixinho.
- Você já viu algum amigo não virar algo a mais? Ele esta se movendo muito para o lado dela, ele podia ficar quieto, mas não, fica o tempo todo passando a mão nos cabelos dela dando desculpa que esta roçando no braço dele.
- Cara, vocês mal tiveram alguma coisa lá embaixo e já esta todo ai ciumento.
- Não estou não.
- Esta sim, então por que não deita e aproveita o luar, este céu esta muito limpo você já viu?
- A única coisa que quero olhar agora é ela e os braços metidos do Marcelo, eu devia ter dado um caldinho nele quando tive chance lá na água.
- Caramba Juliano relaxa meu.
-Ei alguém quer dançar?- Renan aparecendo com o carro.
- Demorou Renan, uma musica sempre cai bem.- Amanda ficando de pé.
- Falou.- Renan desceu do carro e abriu o porta malas e o som que estava escutando saiu e todo mundo levantou para dançar.
Juliano levantou e ficou onde estava, estava olhando para Dalila ainda, ela já tinha levantado e estava dançando com Marcelo e rindo muito de alguma piada que ele contou. A musica mudou e Marcelo soltou Dalila e foi até Giovana e a chamou para dançar uma musica que era um pouco mais lenta que a anterior. Dalila foi até Juliano que estava com os braços cruzados naquele momento e não tinha percebido que ela não estava mais dançando com Marcelo.
- Bom esses braços cruzados fica complicado de querer te convidar para dançar comigo o rabugento.- Dalila parando do lado dele.
- Hein? Dalila? Você não estava com o Marcelo?
- Estava, mas fui trocada pela beleza estonteante que a Giovana tem.
- Não acho que seja tanto assim, tem outras garotas que são muito mais estonteante que ela.
- Então agora aceita dançar comigo? Acho que você necessita de respostas ou não?
- Sim, necessito de algumas sim.
- Ótimo.- Dalila o pegando pela mão e puxando para dançar, colocou as mãos dele em sua cintura e começaram a dançar.
       Começaram a dançar e Juliano a fez rodopiar e a fez ir para longe depois a puxou para si.
- Seus cabelos brilharam quando rodou.
Serio? Eu devia ter prendido eles.- Dalila prendendo os seus cabelos que eram longos e pretos num coque.
- Não, por que? Deixe eles soltos.
- Não posso mais, eles já começaram a brilhar.
- Bom então vai ter que começar a me responder algumas coisas, não achas?
- Sim senhor, pode começar a perguntar que irei responder.
- Acho que aqui não eles vão escutar.
- Acho que não, o som esta muito alto para prestarem atenção no que estamos conversando.
- Como fez aquilo lá  açude embaixo d’água comigo?
- Bom, todo mundo sabe beijar.
- Não, estou falando no que você fez enquanto me beijava.
- Ah aquilo. Fica mesmo complicado de explicar, mas se for esperto vai juntar os fatos.
- Hein?
- Sabia que quem manda no tempo é o mar, se ele esta revoltado vira uma tempestade e assim chove.
- Como?
- Quer dizer começa com o vento, mas em fim quem manda na chuva em si é o mar. Agora preste atenção vou fazer uma coisa e você continue a dançar como se não estivesse acontecendo nada, mas não me solte e não deixe ninguém ver os meus olhos. Entendeu?
- O que vai fazer?
- Bom você não quer que fiquemos sozinhos? Então, com essa noite estrelada ficara complicado de alguém ir dormir então...- Dalila olhou para o céu e os seus olhos ficaram brancos e parou de se mover.
      Juliano ficou apavorado com aquilo, puxou o rosto dela para baixo e voltou a dançar. Foi quando que começou a juntar nuvens e mais nuvens, então trovejou e começou a chover. Todo mundo saiu correndo e só ficou os dois ali dançando e Dalila voltou ao normal.
- Então juntou alguns fatos agora?
- Como?- Juliano afastando-se dela.- Não, não consegui.
- Então não posso ajudar fui proibida de falar, só se descobrissem a verdade e você não entendeu nada mesmo?
- Caramba fica complicado sabia, do nada começou a chover e...- Juliano olhou para o céu.- Mas não estamos nos molhando.
- Bom se você se afastar mais de mim vai se molhar sim, tenho algumas vantagens.
- Vantagens? Espera ai, água, mar, chuva, você nada rápido como um peixe e...Você é uma sereia?- Juliano chegando perto dela de novo
- Não, vamos junte melhor as peças, se eu contar vou ser castigada severamente, mas não me impede nada de eu tentar ajudar a descobrir o que sou.
- Hum. Bom então posso ir perguntando e você dizendo sim ou não? Isso você pode?
- Posso.
- Você mora no mar?
- Não.
- Então seus pais?
- Sim
- Seu pai usa um tridente?
- Sim.
- Você é filha do Poseidon?
- Sim .
- Então você é uma deusa?
- Não.
- Uma semi deusa?
- Sim.
- Então descobri tudo agora?
- Em parte sim, acho que falando o nome do meu pai não sou mais castigada, sou filha dele com uma mortal, passo parte em terra e depois outra parte na água.
- Como assim? Dias?
- Não, anos, bem o tempo dele é diferente do nosso, mas se pode calcular por anos depois que volto de lá.
- Então nessas idas e vindas você conheceu o Marcelo?
- É, mas como amizade de criança é simples, somos apenas amigos.
- Então você terá que voltar um dia para lá?
- Sim.
- Mas não tem nada que impeça de você ficar em terra?
- Bom, tem sim, mas é tão complicado que...
- Explique então.
- Bom se um humano gostar de mim poderei ficar aqui, mas terá que me amar de verdade, porque no dia que meu pai me chamar terei que leva-lo junto para o meu pai testar o seu amor por mim e se não me amar de verdade vira espuma no instante que encostar os pés na água.
- Como é?- Juliano recuando.
- Te falei que era complicado, meu pai me colocou essa maldição, pois não queria que nenhum humano se apaixonasse por mim e nem eu por um humano.
- Mas agora é tarde em você dizer isso para mim.
- Como assim tarde?
- Ora a garota cheia de enigmas não entendeu o meu?
- Sim, mas quando falei em amar e não amar você apavorou e recuou?
- Queria que tivesse qual reação? Poxa virar espuma não é algo que eu queira, mas tipo agora que falou apaixonar ficou diferente.
- Por que?
- Ora, porque apaixonar eu estou por você, mas amar é algo tão pesado e complicado que...
- Apaixonar-se é o primeiro passo para amar, não se esqueça,  mas me conhece a tão pouco tempo como pode já dizer isso de mim?
- Sei lá, isso surgiu não foi culpa minha e você também sabia não é? você me beijou lá embaixo e...
- Eu estou acostumada a fazer isso.
- Como é? já beijou outros caras?- Juliano recuando mais
- Se recuar mais vai sair do meu campo de proteção e vai se molhar e vai estar mais vulnerável aos olhos do meu pai.
- Ok, fico mais perto.- Juliano dando um passo para frente.- Só que você falou que sai beijando todo mundo que vê pela frente é complicado de eu aceitar isso, você já beijou o Marcelo?
- Eu já falei que o que sinto por ele é amizade, a mesma que tenho por um cachorro, um gato ou outra pessoa qualquer, pare de querer complicar uma coisa que é tão simples.- Dalila chegando mais perto de Juliano
- Eu querer complicar? Você beija todo mundo e eu que complico?
- Quando lhe beijei eu fiz o que no momento?
- Sei lá, você, você colocou ar nos meus pulmões e...
- É isso que faço, eu salvo quem esta se afogando com um beijo, mas boa parte esta desacordado e não me vê fazendo isso.
- Você beija mulher também?
- Beijo, mas vocês homens são mais impertinentes e adoram testar a força do mar.
- Então por isso que falou em beijar como se fosse uma coisa simples não é?
- Sim.
- Para você então beijar é apenas salvar alguém de se afogar, é isso? Não tem sentimento algum?- Juliano chegando perto de Dalila
- Sim, mas com você teve algum sentimento que é até complicado de explicar a você.
- Paixão?- Juliano a abraçando
- Deve ser nunca senti isso antes, meu pai disse que isso só os humanos tem, por isso que procurou uma mortal para ter um filho, não queria que o filho carregasse a mesma sina dele de não ter sentimento.
- Mas como ele conseguiu sabe?
- Bom, quando estamos perto de vocês humanos começamos a ter esse sentimento tão estranho, por isso que ele me deixa parte em terra e parte no mar, para eu ter as duas coisas dos dois mundos.
- Certo, então faça de novo, agora não preciso de salvamento.
- Hein?
- Para você ter certeza do que sente, o que eu já sei o que sinto.
- Mas tenho que lhe avisar uma coisa, eu nunca fiz isso assim deste modo, não sei o que pode acontecer, - você esta disposto a correr um risco que nem eu sei o que é?
Com certeza, estou pronto.- Juliano a puxou e a beijou
O cabelo de Dalila se soltou sozinho e começou a voar, um vento bateu neles e a chuva os pegou.

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Era uma vez...

"Era uma vez,outra historia assim vai começar e todos vocês, neste mundo encantando vão sonhar, é só escutar com atenção e viajar nas asas na imaginação e a alegria vai tomar o seu coração. " Música que embalou as historias que li quando era criança.